This essay discusses the apparitions of the King's ghost, and how he influenced Hamlet's attitudes throughout the play. What is the meaning of the ghost in Hamlet? What is the real role of the ghost in the attitudes of the Prince of Denmark? Was he real? The play, written around the 1600s, was one of the longest and most complex pieces created by Shakespeare, in which he deals with romance, corruption, betrayal and revenge. In the 16th century, an idea of supernatural beings was on the rise; however, the ghost that appears in Hamlet has a greater purpose, and he plays a key role in the unfolding of the play.
Hamlet learns of his father's true cause of death in the second apparition of the ghost and, thereby the impetus to avenge him. Although the prince has this motivation, for the first four acts revenge is not completed. For Hamlet, there was still no hard evidence to blame Claudius, the King, besides words from a ghost of dubious origin.
"(...) Sleeping within my orchard, / My custom always of the afternoon, / Upon my secure hour thy uncle stole, / With juice of cursed hebenon in a vial, / And in the porches of my ears did pour / The leperous distilment;" (Act I, Scene V, p. 30)
The next apparition of the ghost in Shakespeare's play takes place in the queen's rooms. After discussing with Gertrudes and killing Polonius, who was hiding, Hamlet's sanity is put into check. Despite the fact that he sees and hears the ghost that will remember his duty, the queen could not see anything.
"Do not forget: this visitation / Is but to whet thy almost blunted purpose. / But, look, amazement on thy mother sits: / O, step between her and her fighting soul: / Conceit in weakest bodies strongest works: / Speak to her, Hamlet. (Act III, Scene IV, p. 88)”
Was the ghost in Hamlet's imagination? According to L. W. Rogers, there are many studies that regard this scene as a proof that the appearance of the ghost was only a figment of Hamlet's troubled mind. Rogers, however, denies such assertion, since the previous visits of the ghost are proven real. The possible explanation given by the author is that the Queen was probably not sensitive enough to capture the supernatural presence (2010, p.17).
The ghost would only appear during the mysterious atmosphere regarding Hamlet’s getting his own wish or not. For the Elizabethan perspective of the time, the existence of the ghost would simply be to entertain the audience and create a genre that not many other pieces were able to achieve successfully. Hamlet, along with Macbeth and Julius Caesar, were the most remarkable pieces of Shakespeare that contained the idea of the supernatural, which grabbed the attention of Elizabethan minds. The ghost controls the entire picture while also controlling the characters who find him. It is quite clear that Hamlet was not prepared for the task the ghost proposed him. However, no one told him to take on this responsibility except himself. As a modern audience, it can be argued that the meaning of the ghost may simply be to show Shakespeare's inner thoughts and attitudes towards the society of his time.
The question of whether or not the ghost is real intrigues the readers. On his first appearances, he is seen by four other people, eliminating the possibility of him being a figment of the Prince's mind. However, the appearance on Gertrude’s scene does not let the specter of King Hamlet become absolute truth. According to Fernanda Korovsky Moura, the instance when only Hamlet sees the King is an indication that his "feigned madness" might have become a real madness; that is, it does not mean that the ghost is imagined, but that Hamlet imagined it at that specific moment.
In short, despite appearing only a few times in the play, the King's ghost has a very important role in the unfolding of the plot. He is the one to trigger Hamlet’s search for revenge. As to its veracity, there are opinions on both sides, and both are well argued. The appearances of the ghost in the play set a ghostly environment that few authors have managed to accomplish, and the ghost successfully reaches both the public of the 16th century and the modern public.
O fantasma do rei
Neste ensaio, abordaremos as aparições do fantasma do rei, e como ele influenciou as atitudes de Hamlet ao longo da peça. Qual o significado do fantasma em Hamlet? Qual o real papel do fantasma nas atitudes do príncipe da Dinamarca? O fantasma era real? A peça, criada por volta dos anos 1600, foi uma das mais longas e complexas peças criadas por Shakespeare, na qual o autor trata de romance, de corrupção, de traição e de vingança. No século XVI, a ideia de seres sobrenaturais estava em alta, porém o fantasma que aparece em Hamlet tem um propósito maior e um fundamental papel para o desenrolar da peça. Hamlet toma conhecimento da verdadeira causa de morte do pai na segunda aparição do fantasma e, com isso, o ímpeto para vingar o pai. Apesar do príncipe ter esse ímpeto, ao longo dos quatro primeiros atos, a vingança não é concluída, pois, para Hamlet, não havia ainda provas contundentes que culpassem Cláudio, o rei, além das palavras vindas de um fantasma de origem duvidosa.
"(...) A serpente, cuja mordida tirou a vida de teu pai, / Agora usa a nossa coroa. / (...) eu dormia, de tarde, em meu jardim, / Como de hábito. / Teu tio entrou furtivamente, trazendo, num frasco / O suco da ébona maldita / E derramou no pavilhão de meus ouvidos, / A essência morfética" (ibid., cena V, p. 31 e 32)
A próxima aparição do fantasma, na peça de Shakespeare, acontece nos aposentos da rainha. Depois de discutir com Gertrudes e de matar Polônio, que estava escondido, a sanidade mental de Hamlet é posta em xeque. Apesar de ele ver e ouvir o fantasma que lembrará o seu dever: a rainha não conseguia ver nada.
“Não esqueça; esta visita / É para aguçar tua resolução já quase cega. / Mas olha, o espanto domina tua mãe. / Coloca-te entre ela e sua alma em conflito; / Nos corpos frágeis a imaginação trabalha com mais força. / Fala com ela, Hamlet. (ibid., cena III, p. 87 e 88)”
Seria o fantasma fruto da imaginação de Hamlet? De acordo com L. W. Rogers (2010, p.17), há muitos estudos que consideram essa cena como uma comprovação de que a aparição do fantasma era somente fruto da mente perturbada de Hamlet. Rogers, porém, nega tal asserção, pois as visitas anteriores do fantasma são comprovadamente reais. A possível explicação dada pelo autor é que a rainha, provavelmente, não era sensitiva o bastante para captar a presença sobrenatural.
O fantasma só apareceria durante a atmosfera misteriosa em relação a Hamlet se ele conseguiu ou não atingir seu objetivo. Para a perspectiva elisabetana da época, a existência do fantasma seria simplesmente para entreter o público e para criar um gênero que muitas outras peças não foram capazes de conseguir com êxito. Hamlet, juntamente com Macbeth e Júlio César, eram as peças mais notáveis de Shakespeare que continham a ideia do sobrenatural, que prendia as atenções das mentes isabelinas. O Fantasma tanto controla todo o jogo como controla os personagens que o encontram. Fica bem claro que Hamlet não estava preparado para a tarefa que o fantasma o propôs a fazer. No entanto, ninguém lhe disse para assumir essa responsabilidade exceto ele mesmo. Como um público moderno, pode-se argumentar que o significado do fantasma pode simplesmente ser os pensamentos e as atitudes interiores de Shakespeare para a sociedade de seu tempo.
O fato do fantasma ser real ou não intriga os leitores até hoje. Em suas primeiras aparições, ele é testemunhado por outras quatro pessoas, eliminando a possibilidade de ele ser fruto da mente do príncipe. Entretanto, a aparição na cena de Gertrudes não deixa o espectro do Rei Hamlet se tornar verdade absoluta. De acordo com Fernanda Korovsky Moura, a aparição somente para Hamlet é indício de que a “loucura fingida” dele pode estar se tornando uma real loucura, ou seja, não significa que o fantasma seja uma imaginação, mas sim que Hamlet o imaginou naquele momento em específico.
Em suma, mesmo aparecendo poucas vezes na peça, o fantasma do rei tem um papel muito importante no desenrolar da trama, é ele, por exemplo, que dá o gatilho inicial na busca por vingança de Hamlet. Sobre sua veracidade, há opiniões dos dois lados, porém ambos são muito bem argumentados. Os aparecimentos do fantasma na peça dão um ar sobrenatural que poucos conseguiram fazer, atingindo em cheio tanto o público do século XVI quanto o público moderno.
Luiz Fernando Traghia Pereira
R.A 201403934
